Palavras-chave
comprometimento cognitivo
saúde do idoso
atenção primária à saúde
saúde pública
Como Citar
Resumo
O panorama demográfico brasileiro vem apresentando um perfil cada vez mais voltado para a longevidade. Nesse sentido, algumas características sociodemográficas têm se apresentado de forma mais prevalente, quando se analisa o perfil populacional associado ao envelhecimento e à diminuição da função cognitiva. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a associação de aspectos sociodemográficos e a presença de comprometimento cognitivo em idosos residentes em um município do Brasil. Trata-se de um estudo transversal, com amostra constituída por 310 idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família, no município de Ibicuí (Brasil), selecionados aleatoriamente. Foram incluídas as variáveis: sexo, idade, escolaridade e comprometimento cognitivo (Mini-Exame do Estado Mental). Na análise dos dados, foram utilizados procedimentos da estatística descritiva e análise de regressão logística binária, utilizando-se o software STATA, versão 14.0®. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAEE 22969013.0.0000.0055), com base na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. A média de idade dos entrevistados foi de 71,62 (±8,16) anos. A maioria dos entrevistados eram mulheres (56,45%), estavam na faixa etária entre 60-79 anos (83,87%) e referiram serem alfabetizados (56,13%). A prevalência global de comprometimento cognitivo foi de 4,19%. Indivíduos longevos (idade ≥ 80 anos) e não alfabetizados apresentaram maiores probabilidades de apresentar essa condição (p<0,05). Os resultados do presente estudo evidenciam a importância em se considerar os aspectos sociodemográficos, como a faixa etária e a escolaridade, como características relevantes de serem avaliadas no idoso, atrelada às suas condições biológicas, para o desenvolvimento de comprometimento cognitivo.
Referências
Almeida-Pititto, B., Almada Filho, C. M., & Cendoroglo, M. S. (2008). Déficit cognitivo: mais uma complicação do diabetes melito? Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, 52(7), 1076–1083. https://doi.org/10.1590/S0004-27302008000700003
Avila, R., Moscoso, M. A., Ribeiz, S., Arrais, J., Jaluul, O., & Bottino, C. M. (2009). Influence of education and depressive symptoms on cognitive function in the elderly. International Psychogeriatrics, 21(3), 560–567. https://doi.org/10.1017/S1041610209008928
Banhato, E. F. C., & Guedes, D. V. (2011). Cognição e hipertensão: influência da escolaridade. Estudos de Psicologia, 28(2), 143–151. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2011000200002
Barulli, D., & Stern, Y. (2013). Efficiency, capacity, compensation, maintenance, plasticity: emerging concepts in cognitive reserve. Trends in Cognitive Sciences, 17(10), 502–509. https://doi.org/10.1016/j.tics.2013.08.012
Bertolucci, P. H. F., Brucki, S. M. D., Campacci, S., & Juliano, Y. (1994). O Mini-Exame do Estado Mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 52(1), 1–7. https://doi.org/10.1590/S0004-282X1994000100001
Bloomberg, M., Dugravot, A., Dumurgier, J., Kivimaki, M., Fayosse, A., Steptoe, A., et al. (2021). Sex differences and the role of education in cognitive ageing: analysis of two UK-based prospective cohort studies. The Lancet Public Health, 6(2), e106–e115. https://doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30258-9
Borges, L. J., Benedetti, T. R. B., & Mazo, G. Z. (2008). Exercício físico, déficits cognitivos e aptidão funcional de idosos usuários dos centros de saúde de Florianópolis. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 13(3), 167–177. https://doi.org/10.12820/rbafs.v.13n3p167-177
Brasil. (2012). Conselho Nacional de Saúde. Resolução n° 466, de 12 de dezembro de 2012. Normas para pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União, Brasília, 13 jun. 2013. Secção 1. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf
Castro-Costa, E., Dewey, M. E., Uchôa, E., Firmo, J. O. A., Lima-Costa, M. F., & Stewart, R. (2011). Trajectories of cognitive decline over 10 years in a Brazilian elderly population: the Bambuí cohort study of aging. Cadernos de Saúde Pública, 27(Supl 3), 345–350. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011001500004
Coelho, F. G. M., Vital, T. M., Novais, I. P., Costa, G. A., Stella, F., & Santos-Galduroz, R. F. (2012). Desempenho cognitivo em diferentes níveis de escolaridade de adultos e idosos ativos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 15(1), 7–15. https://doi.org/10.1590/S1809-98232012000100002
Declaração de Helsinque. (2000). Princípios éticos para as pesquisas médicas em seres humanos. Edinburgh: Associação Médica Mundial: 52ª Assembleia Geral.
Dias, E. G., Andrade, F. B. de, Duarte, Y. A. de O., Santos, J. L. F. S., & Lebrão, M. L. (2015). Atividades avançadas de vida diária e incidência de declínio cognitivo em idosos: Estudo SABE. Cadernos de Saúde Pública, 31(8), 1623–1635. https://doi.org/10.1590/0102-311X00125014
Faria, E. C., Silva, S. A., Farias, K. R. A., & Cintra, A. (2011). Avaliação cognitiva de pessoas idosas cadastradas na estratégia saúde da família: município do Sul de Minas. Revista Escola de Enfermagem da USP, 45(2), 1748–1752. https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000800019
Ferreira, R. C., Vargas, A. M. D., Fernandes, N. C. N., Souza, J. G. S., Sá, M. A. B., Oliveira, L. F. B., et al. (2014). O idoso com comprometimento cognitivo apresenta pior condição de saúde bucal? Ciência & Saúde Coletiva, 19(8), 3417–3428. https://doi.org/10.1590/1413-81232014198.13712013
Filho, S. T. R., & Lourenço, R. A. (2009). The performance of the Mini-Cog in a sample of low educational level elderly. Dementia & Neuropsychologia, 3(2), 81–87. https://doi.org/10.1590/S1980-57642009dn30200003
Folstein, M. F., Folstein, S. E., & McHugh, P. R. (1975). “Mini-mental state”: a practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. Journal of Psychiatric Research, 12(3), 189–198. https://doi.org/10.1016/0022-3956(75)90026-6
Foubert-Samier, A., Catheline, G., Amieva, H., Dilharreguy, B., Helmer, C., Allard, M., et al. (2012). Education, occupation, leisure activities, and brain reserve: a population-based study. Neurobiology of Aging, 33(2), 423.e15–25. https://doi.org/10.1016/j.neurobiolaging.2010.09.023
Freitas, D. H. M., Campos, F. C. A., Linhares, L. Q., Santos, C. R., Ferreira, C. B., Diniz, B. S., et al. (2010). Autopercepção da saúde e desempenho cognitivo em idosos residentes na comunidade. Revista de Psiquiatria Clínica, 37(1), 32–35. https://doi.org/10.1590/S0101-60832010000100007
Gallardo-Gomez, D., Pozo-Cruz, J., Noetel, M., Alvarez-Barbosa, F., Alfonso-Rosa, R. M., & Cruz, B. P. (2022). Optimal dose and type of exercise to improve cognitive function in older adults: A systematic review and bayesian model-based network meta-analysis of RCTs. Ageing Research Reviews, 76, e101591. https://doi.org/10.1016/j.arr.2022.101591
Holz, A. W., Nunes, B. P., Thumé, E., Lange, C., & Facchini, L. A. (2013). Prevalence of cognitive impairment and associated factors among the elderly in Bagé, Rio Grande do Sul, Brazil. Revista Brasileira de Epidemiologia, 16(4), 880–888. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2013000400008
IBGE. (2011). Censo Demográfico 2010: resultados preliminares da amostra [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/resultados.html
IBGE. (2023). Panorama Censo 2022 [acesso on-line]. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/
IBGE. (2021). Área territorial brasileira 2020 [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ba/ibicui.html
Jayakody, O., Breslin, M., Srikanth, V. K., & Callisaya, M. L. (2019). Gait characteristics and cognitive decline: A longitudinal population-based study. Journal of Alzheimer's Disease, 71(s1), S5–S14. https://doi.org/10.3233/JAD-181157
Kim, H., Lee, S., Ku, B. D., Ham, S. G., & Park, W. S. (2019). Associated factors for cognitive impairment in the rural highly elderly. Brain and Behavior, 9(5), e01203. https://doi.org/10.1002/brb3.1203
Kueper, J. K., Speechley, M., Lingum, N. R., & Montero-Odasso, M. (2017). Motor function and incident dementia: a systematic review and meta-analysis. Age and Ageing, 46(5), 729–738. https://doi.org/10.1093/ageing/afx084
Liberati, G., Raffone, A., & Olivetti, B. M. (2012). Cognitive reserve and its implications for rehabilitation and Alzheimer’s disease. Cognitive Processing, 13(1), 1–12. https://doi.org/10.1007/s10339-011-0410-3
Lini, E. V., Portella, M. R., & Doring, M. (2016). Factors associated with the institutionalization of the elderly: a case-control study. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 19(6), 1004–1014. https://doi.org/10.1590/1981-22562016019.160043
Luiz, R. R., & Magnanini, M. M. F. (2000). A lógica da determinação do tamanho da amostra em investigações epidemiológicas. Cadernos de Saúde Coletiva, 8(2), 9–28.
Macedo, T. L., Laux, R. C., Londero, A. A., & Corazza, S. T. (2019). Analysis of the cognitive aspects of elderly people considering the practice of regular physical exercises and associated factors. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 22(2), e180120. https://doi.org/10.1590/1981-22562019022.180120
OPAS. (2020). Década do Envelhecimento Saudável nas Américas (2021-2030) [acesso on-line]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/decada-do-envelhecimento-saudavel-nas-americas-2021-2030
Paixão Júnior, C. M., & Heckman, M. F. (2011). Distúrbios da postura, marcha e quedas. In: Freitas, E. V., & Py, L. Tratado de Geriatria e Gerontologia (3rd ed., pp. 1062–1074). São Paulo: Guanabara Koogan.
Pedreira, R. B. S., Rocha, S. V., Santos, C. A., Vasconcelos, L. R. C., & Reis, M. C. (2016). Content validity of the Geriatric Health Assessment Instrument. Einstein, 14(2), 158–177. https://doi.org/10.1590/s1679-45082016ao3455
Pitanga, F. J. G., & Lessa, I. (2005). Prevalência e fatores associados ao sedentarismo no lazer em adultos. Cadernos de Saúde Pública, 21(3), 870–877. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300021
Quan, M., Xun, P., Chen, C., Wen, J., Wang, Y., Wang, R., et al. (2017). Walking pace and the risk of cognitive decline and dementia in elderly populations: A meta-analysis of prospective cohort studies. Journal of Gerontology: Biological Sciences and Medical Sciences, 72(2), 266–270. https://doi.org/10.1093/gerona/glw121
Santos, A. A., Mansano-Schlosser, T. C. S., Ceolim, M. F., & Pavarini, S. C. I. (2013). Sono, fragilidade e cognição: estudo multicêntrico com idosos brasileiros. Revista Brasileira de Enfermagem, 66(3), 351–357. https://doi.org/10.1590/S0034-71672013000300008
Santos, F. H., Andrade, V. M., & Bueno, O. F. A. (2009). Envelhecimento: um processo multifatorial. Psicologia em Estudo, 14(1), 3–10.
Stern, Y. (2002). What is cognitive reserve? Theory and research application of the reserve concept. Journal of the International Neuropsychological Society, 8(3), 448–460. https://doi.org/10.1017/S1355617702813248
Trentini, C. M., Werlang, B. S. G., Xavier, F. M. F., & Argimon, I. I. L. (2009). A relação entre variáveis de saúde mental e cognição em idosos viúvos. Psicologia: Reflexão e Crítica, 22(2), 236–243. https://doi.org/10.1590/S0102-79722009000200010
Trindade, A. P. N. T., Barboza, M. A., Oliveira, F. B., & Borges, A. P. O. (2013). Repercussão do declínio cognitivo na capacidade funcional em idosos institucionalizados e não institucionalizados. Fisioterapia e Pesquisa, 26(2), 281–289. https://doi.org/10.1590/S0103-51502013000200005
Zimmermann, I. M. M., Leal, M. C. C., Zimmermann, R. D., & Marques, A. P. O. (2015). Idosos institucionalizados: comprometimento cognitivo e fatores associados. Geriatria & Gerontologia Aging, 9(3), 86–92. https://doi.org/10.5327/Z2447-2115201500030003