Resumo
RESUMO
Portugal é um dos países da Europa mais envelhecido. Perante esta realidade, tem assumido particular interesse a qualidade de como se envelhece, ocupando um lugar de destaque, o conceito de envelhecimento ativo. Para avaliar a perceção de solidão e o risco de violência foram entrevistados 106 indivíduos com idades entre os 65 e os 103 anos, maioritariamente do sexo feminino, com 4 anos ou menos de escolaridade, a residir em casa própria/familiares, com perceção de ser saudável e autónomo. Nas entrevistas estruturadas, foram recolhidos os dados sociodemográficos e utilizadas a Escala de Solidão (UCLA) e a Escala de Avaliação do Risco de Violência para Idosos (EARVI). Como resultados, verificou-se que quem apresenta uma maior perceção de solidão são os indivíduos mais idosos (com 85 ou mais anos), viúvos, que residem em ERPI e que têm uma perceção de si como doentes e dependentes. Os indivíduos com mais de 75 anos, sós, sem escolarização e que residem em estruturas residenciais para idosos (ERPI) revelam uma perceção de solidão considerada patológica. Quanto à perceção de risco de violência, é mais prevalente o isolamento social, apresentando níveis mais elevados de violência os idosos com 85 ou mais anos, que residem em ERPI e que têm uma perceção de si como doentes e dependentes. Estes resultados permitem-nos concluir que a maior fragilidade de isolamento e de violência parece estar associado a ser mais velho, residir em ERPI e ter uma perceção de si como doente e dependente.
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