Resumo
A literacia em saúde está intimamente ligada à capacitação e à promoção da saúde, por forma a promover uma boa saúde. Níveis inadequados de literacia em saúde podem ter consequências significativas tanto a nível individual como coletivo, contribuindo para disparidades na saúde e influenciando a gestão de recursos e ganhos em saúde. No panorama português, verifica-se uma maior proporção de inadequação de literacia em saúde entre os idosos (65 ou mais anos) dificultando o acesso, compreensão, avaliação e aplicação da informação relacionada com a saúde, o que os coloca numa posição particularmente vulnerável, comprometendo o envelhecimento saudável. Objetivos: conhecer e analisar o estado da arte, do ponto de vista teórico, dos processos de literacia entre os idosos e no impacto sobre a sua saúde, bem como refletir sobre as estratégias para aumentar a literacia em saúde neste subgrupo da população. Metodologia: Revisão narrativa da literatura, de forma a realizar-se uma análise crítico-reflexiva. Para a obtenção de literatura seguiu-se uma estratégia de pesquisa que incluiu o Google Académico, bem como o acesso a sites governamentais e de sociedades científicas nacionais pertinentes. Utilizamos os termos "health literacy", "elderly" e "empowerment" para direcionar a pesquisa. Além disso, foram consultados livros técnicos sobre o tema. Conclusões: Existe uma relação significativa entre o nível inadequado de literacia em saúde e a mortalidade mais elevada entre os idosos. A promoção da literacia em saúde nessa faixa etária não apenas capacita os indivíduos para o autocuidado, mas também contribui para sistemas mais eficazes e comunidades mais saudáveis. Os enfermeiros desempenham um papel importante como agentes na promoção da literacia em saúde, desenvolvendo iniciativas que capacitam os cidadãos e promovem a adoção de estratégias adequadas, incluindo melhorias na comunicação e na minimização de fatores preditivos de baixo nível de literacia.
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