Percepção sobre etarismo sofrido por músicos na visão de mulheres idosas musicistas da capital do brasil

Resumo

O estudo teve como objetivo avaliar a percepção de mulheres idosas musicistas do Distrito Federal sobre a discriminação de idade sofrida por músicos. Foram realizadas cinco entrevistas com mulheres de renome no cenário da música popular da cidade, com média de idade igual 64,8 ± 2,95 anos. A pesquisa, de caráter qualitativo, utilizou o método de histórias de vida. Os resultados indicaram a existência do etarismo na música de acordo com a percepção das entrevistadas, contribuindo para a segregação e a perpetuação de estereótipos. A falta de oportunidades de trabalho e a desvalorização dos musicistas em função dos declínios fisiológicos naturais foram temas recorrentes. Fora do meio musical, essa situação é acentuada pela mídia e sociedade que enaltecem e favorecem a performance energética e lucrativa, relegando grandes mestres ao anonimato. Em contraponto, há pessoas no meio empenhadas em resgatar e reverenciar as contribuições dos mais velhos. As participantes acreditam que o preconceito que sofrem é infundado, pois continuam a dedicar tempo e esforço ao ofício musical nessa fase de vida. Elas desejam ser reconhecidas pelo que são, e não por sua idade e sexo. Para elas, ser uma pessoa idosa e ainda ser mulher aumenta o preconceito, demonstrando a interseccionalidade entre esses fatores nesse ambiente.  Conclui-se que, na percepção das participantes, o idadismo com relação aos músicos está presente em diferentes formas, sendo incentivado pela mídia e sociedade. O etarismo impacta negativamente a carreira dos músicos, em especial a das mulheres.