A velhice na perspetiva do género: diferentes olhares
PDF

Palavras-chave

perceções
envelhecimento
género

Como Citar

A velhice na perspetiva do género: diferentes olhares. (2025). RIAGE - Revista Ibero-Americana De Gerontologia, 7(7), 52-62. https://doi.org/10.61415/riage.262

Resumo

A adoção de uma perspetiva de género, embora essencial para uma melhor compreensão da velhice e do processo de envelhecimento, é uma temática ainda pouco investigada. Este estudo, qualitativo e exploratório, teve como objetivos: analisar as semelhanças e as diferenças na autopercepção da velhice e do processo de envelhecimento em função do género e identificar as estratégias e os recursos adotados para um envelhecimento bem-sucedido. Para tal realizaram-se entrevistas semiestruturadas, administradas individualmente a cada pessoa idosa. Participaram quatro casais heterossexuais, com idades dos 70 aos 85 anos, não institucionalizados e residentes no norte de Portugal. Todos reconheceram as mudanças físicas e biológicas que surgem com a idade. Não obstante, predominaram autoperceções positivas e negativas acerca velhice, respetivamente, nos homens e nas mulheres. Prevaleceu uma conceção da mulher idosa como protetora e cuidadora da família, enquanto face ao homem idoso emergiram, sobretudo, características socialmente valorizadas. A maioria dos homens e das mulheres salientou o envolvimento em atividades significativas, destacando as crenças positivas e existência de objetivos realistas e pessoais como estratégias para um envelhecimento bem-sucedido. Reportaram igualmente o papel de agência da pessoa idosa e da diversidade de recursos comunitários enquanto elementos organizadores das rotinas. Os dados apelam para a complexidade das imagens da velhice e para a necessidade de reformulação dos estereótipos etários e sexistas que perpetuam a desigualdade social entre mulheres e homens idosos.

PDF

Referências

Amado, J. (2017). Manual de investigação qualitativa em educação. Imprensa da Universidade de Coimbra.

Anetzberger, G. J. (2002). Community resources to promote successful aging. Clinics in geriatric medicine, 18 (3), 611–ix. https://doi-org/10.1016/s0749-0690(02)00018-6

de Ávila, A.H., Guerra, M., & Rangel-Meneses,M.P. (2007). Se o velho é o outro, quem sou eu? A construção da auto-imagem na velhice. Pensamiento Psicológico, 3 (8), 7-18.

Ayalon, L., & Tesch-Römer, C. (2018). Introduction to the Section: Ageism—Concept and Origins. In L. Ayalon & C. Tesch-Römer, C. (Eds), Contemporary perspectives on ageism: International perspectives on aging (pp.1-10). Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-319-73820-8_1

Arber, S. (2006). Gender and Later Life: Change, Choice and Constraints. In J. Vincent, C. Phillipson, & M. Downs (Eds.), The futures of Old Age (pp. 54–61). Sage Publications.

Baltes, P.B., Staudinger, U.M., & Lindenberger, U. (1999). Lifespan Psychology: Theory and application to intellectual functioning. Annual Review of Psychology, 50, 471-507. https://doi.org/10.1146/annurev.psych.50.1.471

Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. Edições 70.

Calasanti, T.M., & Slevin, K.F. (2001). Gender, Social Inequalities, and Aging. AltaMira Press.

Figueiredo, M.L.F., Tyrrel, M.A.R., Carvalho, C.M.R.G., Luz, M.H.B.A, Amorim, F.C.M., & Loiola, N.L.A. (2007). As diferenças de

gênero na velhice. Rev Bras Enferm, 60(4), 422-427. https://doi.org/10.1590/S0034-71672007000400012

Jardim, V., Medeiros, B., & Brito, A. (2006). Um olhar sobre o processo de envelhecimento: a percepção de idosos sobre a velhice [A view on the aging process: elderly´s perception of old age]. Rev. bras. geriatr. gerontol., 9(2), 25-34. https://doi.org/10.1590/1809-9823.2006.09023

Levy, B. R., & Leifheit-Limson, E. (2009). The stereotype-matching effect: greater influence on functioning when age stereotypes correspond to outcomes. Psychology and aging, 24(1), 230–233. https://doi.org/10.1037/a0014563

Levy, B. R., Slade, M. D., Kunkel, S. R., & Kasl, S. V. (2002). Longevity increased by positive self-perceptions of aging. Journal of personality and social psychology, 83(2), 261–270. https://doi.org/10.1037//0022-3514.83.2.261

Louro, G.L. (1995). Gênero, história e educação: construção e desconstrução. Educação e Realidade, 20 (2), 101-132.

Losada Baltar, A. (2004). Edadismo; consecuencias de los estereotipos, del prejuicio y la discriminación en la atención a las personas mayores. Algunas pautas para la intervención. Informes Portal Mayores, 14. http://envejecimiento.csic.es/documentos/documentos/losada-edadismo-01.pdf

Marques, S. (2011). Discriminação da Terceira Idade. Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Montepare, J. M. (2020). An exploration of subjective age, actual age, age awareness, and engagement in everyday behaviors. European journal of ageing, 17(3), 299–307. https://doi.org/10.1007/s10433-019-00534-w

Neri, A. L. (2006). O legado de Paul B. Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e do Envelhecimento. Temas em Psicologia, 14(1), 17-34. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2006000100005&lng=pt&tlng=pt

Novais, F., Cordeiro, C., Câmara Pestana, P., Côrte-Real, B., Reynold Sousa, T., Delerue Matos, A., & Telles-Cooreia, D. (2021). O Impacto da COVID-19 na População Idosa em Portugal: Resultados do Survey of Health, Ageing and Retirement

(SHARE) [The Impact of COVID-19 in Older People in Portugal:

Results from the Survey of Health, Ageing and Retirement

(SHARE)]. Acta Med Port, 34(11), 761-766. https://doi.org/10.20344/amp.16209

Palmore, E.B. (1999). Ageism: negative and positive. Springer Publishing Company.

Pereira, D., Ferreira, S., & Firmino, H. (2022). O impacto da pandemia COVID-19 na saúde mental da população geriátrica [The impact of COVID-19 on older people mental health]. Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, 8(2), 49-57. https://doi.org/10.51338/rppsm.253

Sánchez Salgado, C. D. (2002). Mulher Idosa: a feminização da velhice. Estudos Interdisciplinares Sobre O Envelhecimento, 4, 7-19. https://doi.org/10.22456/2316-2171.4716

Sargent-Cox, K. A., Anstey, K. J., & Luszcz, M. A. (2014). Longitudinal change of self-perceptions of aging and mortality. The journals of gerontology. Series B, Psychological sciences and social sciences, 69(2), 168–173. https://doi.org/10.1093/geronb/gbt005

Schladitz, K., Förster, F., Wagner, M., Heser, K., König, H. H., Hajek, A., Wiese, B., Pabst, A., Riedel-Heller, S. G., & Löbner, M. (2022). Gender Specifics of Healthy Ageing in Older Age as Seen by Women and Men (70+): A Focus Group Study. International journal of environmental research and public health, 19(5), 3137. https://doi.org/10.3390/ijerph19053137

Schafer, M. H., & Shippee, T. P. (2010). Age identity, gender, and perceptions of decline: does feeling older lead to pessimistic dispositions about cognitive aging?. The journals of gerontology. Series B, Psychological sciences and social sciences, 65B(1), 91–96. https://doi.org/10.1093/geronb/gbp046

Strey, M. N. (1998). Gênero. In P.A. Guareschi & S. Jovchelovitch. (Coord), Psicologia Social Contemporânea (pp. 181-198). Vozes.

Triadó, C. (2007). Cambios físicos en el envejecimiento. In C. Triadó, & Villar, F. (Coord), Psicología de la vejez (pp. 65-85). Alianza Editorial.

World Health Organization. (2021). Global report on ageism. WHO. https://cdn.who.int/media/docs/default-source/2021-dha- docs/9789240016866-eng.pdf?sfvrsn=7375d0b8_7&download=true

Creative Commons License

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0.

Direitos de Autor (c) 2025 Rosa Novo, Ana Raquel Russo Prada