Resumo
O envelhecimento da população em contexto prisional tem vindo a acentuar-se, assistindo-se anualmente a um acréscimo de reclusos considerados idosos em cumprimento de pena efetiva de prisão. Estes indivíduos para além de idosos, são encarados como infratores da lei criminal, o que conduz a uma variedade de consequências, que se refletem nas mais variadas dimensões das suas vidas, quer durante a vida intramuros, quer aquando da obtenção da liberdade. Com o objetivo de compreender as perceções e expectativas quando ao processo de reintegração social da população idosa reclusa levamos uma investigação, recorrendo para o efeito ao método qualitativo, com recurso à técnica de entrevista dirigida à população reclusa de dois estabelecimentos prisionais. A amostra é composta por vinte e oito reclusos/as idosos, a cumprir pena de prisão em Portugal. Os resultados obtidos referem que os/as reclusos idosos/as possuem alguns recursos individuais, de destacar: o lugar de residência para viver aquando da liberdade; consideram igualmente a família, concretamente os filhos como um recurso como forma de suprimir alguma necessidade que possa surgir, encarando desta forma com otimismo e positividade. As expectativas dos reclusos idosos quanto à reintegração social incidem essencialmente no apoio que esperam encontrar no seio familiar assente numa troca de papéis e relações de proximidade e entreajuda familiar. Ponderam vir a exercer uma atividade laboral como forma de obterem rendimentos para a sua subsistência. Salienta-se a importância de apostar em medidas efetivas que garantam uma resposta adequada às necessidades desta população.
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